quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Folclore Mato Grossense

O folclore é a tradição e usos populares, constituído pelos costumes e tradições transmitidos de geração em geração.


Cuiabá é uma cidade com personalidade própria. Na arquitetura, na música, na dança, na culinária, no jeito de falar, enfim, em praticamente todas as suas manifestações culturais, um traço genuinamente local pode ser encontrado. Essa riqueza faz do folclore cuiabano uma das principais atrações turísticas da cidade.
O falar cuiabano também chama a atenção de quem visita a cidade.
A dança, o palavreado e jeito especial de ser tem atraído cada vez mais turistas para conhecer as belezas de Mato Grosso.


Manifestações Populares


VIOLA-DE-COCHO 

  • Instrumentos:

Instrumento tipicamente mato-grossense, é utilizado nas tradicionais festas, onde há dança de Cururu e Siriri, tanto na capital como nas regiões ribeirinhas e pantaneiras. 
Confeccionada, artesanalmente, a partir de um tronco de madeira inteiriça, ainda verde, é esculpida no formato de uma viola que é escavada no corpo até que suas paredes fiquem bem finas, obtendo-se assim o cocho propriamente dito. 
As primeiras violas-de-cocho tinham suas cordas feitas de tripa de macaco, ouriço ou da película de folha de tucum, o que tornava o som diferente; hoje em dia, elas já são feitas de cordas de nylon por motivos ambientais. 
A cola usada era da bolsa respiratória pulmonar de peixes, como Pintado, Jaú e Piranha. 
Sua ressonância, que varia entre maiôs ou menor, de acordo coma música a ser tocada, depende da espessura das paredes do tampo. As violas geralmente medem 70 cm de comprimento.São usadas tanto no cururu quanto no siriri e até em qualquer outro tipo de música. 

  • Danças e Costumes


Siriri

O Siriri, uma das danças tradicionais da Baixada Cuiabana, é um dos folguedos mais populares e antigos de Mato Grosso. É praticado nas Cidades e principalmente, na zona rural, fazendo parte da maioria das festas como casamentos, batizados, carnaval, aniversários, e também das comemorações religiosas. É dançado por homens, mulheres e crianças, em roda ou fileiras formadas por pares que se movimentam ao som da viola de cocho, do ganzá e do mocho.

Cururu
Folguedo popular dos mais antigos de Cuiabá, podendo ser apresentado como roda de cantoria e dança. Os instrumentos utilizados são a viola de cocho , o ganzá e o adufo . Consiste em , no mínimo, dois cantadores, sempre do sexo masculino; um tocando viola de cocho, outro o ganzá. A origem do nome Cururu , admite-se que possa ser originada da tribo dos Bororo que desenvolviam uma dança típica chamada Bacururu.



Boi-à-Serra
O Boi-à-Serra é um folguedo do carnaval mato-grossense.Durante os festejos do carnaval, as pessoas brincavam ou ainda brincam, em alguns lugares, o Siriri, o Entrudo, o Boi-à-Serra e também o Cururu, que é uma manifestação quase sempre ligada à religiosidade do povo. Porém, segundo alguns tiradores, o Boi-à-Serra pode ser dançado em qualquer festa.

Rasqueado
O rasqueado desperta com maior intensidade na população da periferia das cidades, quando começa a ser executado com os hinos de santos (acompanhando Bandeira do Senhor Divino, São Benedito, Procissão de São João. Etc), indo aparecer nos chamados Chá com Bolo . Uns dos principais instrumentos usados no rasqueado é a Viola de Cocho.

Dança dos Mascarados
        Foto: José Medeiros

É uma manifestação folclórica regional típica da cidade de Poconé, região pantaneira de Mato Grosso. Sua origem controversa, está ligada a mistura tanto da contradança européia,  influência dos colonizadores espanhóis e portugueses,  quanto das tradições indígenas locais com ritmos negros. É parte das comemorações da Festa do Divino Espírito Santo e de São Benedito.
A dança é executada exclusivamente por homens. Os trajes masculinos representam os galãs e os trajes femininos representam as damas. O marcante tem a função de conduzir a dança, e os balizas de segurar o mastro com fitas coloridas e a bandeira de São Benedito. Todos usam mascaras e roupas de chitão estampado, destacando-se também os chapéus, que levam espelhos e outros enfeites. Há uma superstição que mulher não pode participar de coisas sérias, pois dá azar.
Além dos pares de dançarinos, há as figuras dos balizas. A dança do trança-fita, em que cada um dos componentes segura a ponta de uma das fitas e, em coreografia sincronizada, cruzam as fitas, formando-se assim uma imensa trança colorida, é o ponto alto da apresentação. A música é instrumental, assemelhando-se ao som de antigas bandas de coreto, apresentando os seguintes instrumentos: saxofone, tuba, pistons, pratos e tambores.

Chamamé Pantaneiro
Uma das formas de explicar a origem deste ritmo é uma lenda que conta que Samuel Aguayo (músico Paraguaio) estava a caminho de Buenos Aires e, numa pousada na região de Corrientes (Argentina), falou para seus músicos, companheiros de viagem: mbae catu ña mbopu? (do vocabulário guarani, significando: o que vamos tocar de bom?) e outro músico respondeu: nã mo chamame - mame mbaena (vamos improvisar alguma coisa para segurar os presentes) e começaram a brincar com o ritmo do purajhei deixando que cada um improvisasse no seu respectivo instrumento, até mesmo com uma letra inventada no momento.
Esse fenômeno musical foi um acontecimento tão significativo que influenciou muitos artistas do cone sul, sendo difícil não existir corrente musical nesta região que não tenha uma pitada de chamame, basta ver a música gaúcha.
Em Mato Grosso se diz que o chamame é igual ao trote preguiçoso de um cavalo nas campanhas, como seu dono no dorso, sem pressa de chegar ao rancho. Por outro lado, é visto como o caminhar de mato-grossense Pantaneira e seu andar balançante em direção ao rio, levando além da trouxa de roupas na cabeça, a guampa de tererê, no sapicoá e o tabaco de mascar.

Boi-à-Serra
Manifestação do Carnaval Mato-grossense é um folguedo encontrado em plena atividade em Santo Antônio de Leverger e alguns bairros de Cuiabá, como Dom Aquino e São Gonçalo Beira-Rio. O Boi-à-serra costuma fazer a alegria da população, principalmente das crianças, que acompanham o boi que é o principal personagem do show.
Para dar vida ao boi primeiro monta-se uma estrutura de madeira leve e flexível conhecida como melado de pomba, depois, cobrem com um cobertor tipo seca-poço formando o corpo do boi. A cabeça do boi é a própria caveira do animal, que depois de seca, é pintada com uma tinta escura, recebendo ainda algo para representar os olhos do boi, que podem ser dois botões, um de cada lado.
Uma pessoa vai dentro do boi, dançando ao carregá-lo, dando vida ao brinquedo, que avança em direção à platéia, como se fosse chifrar os presentes. Outros personagens, não menos interessantes, são: a cabeça de apá, a mãe do morro, o tuiuiú, a ema, o morcego e o cavalo sem cabeça. Estes personagens  variam de um grupo para outro. A música que anima a brincadeira é o cururu, executada por cururueiros.

Dança do Congo 

A manifestação da Dança do Congo, em Mato Grosso, é devocional a São Benedito, fazendo parte da vida sociocultural de Vila Bela da Santíssima Trindade e Nossa Senhora do Livramento. Essa dança é acompanhada pela dramatização de uma luta simbólica travada entre dois reinados africanos.
O principal e mais chamativo adereço da Dança do Congo são os capacetes com penas de ema, enfeitados com flores de papel e fitas coloridas. Os soldados também carregam na cintura um cantil com uma bebida chamada Kanjinjim, feita à base de cachaça, gengibre, canela, cravo e mel. A bebida é um tipo de energético que estimula os participantes que dançam durante dois dias, praticamente sem parar.
No dia em que comemoram São Benedito, os dançantes do Congo encenam a dramatização propriamente dita em frente à igreja, após a missa. Depois, dançam pela cidade, cantando, marchando e protegendo os festeiros.

Chorado

As mulheres de Vila Bela da Santíssima Trindade não participam da coreografia da Dança do Congo, mas reúnem-se para dançar o chorado. O Chorado é dançado e cantado animadamente, com grande domínio de movimentos, letras e melodias, ao ritmo que as mulheres mais competentes na percussão executam, batendo numa mesa, banco ou tambor.
Corresponde, ainda, a um jogo bastante interessante e divertido. Quando uma das mulheres, dançando sutilmente, aproxima-se de um dos homens presentes e amarra um lenço em seu pescoço, ele deve doar uma bebida ao grupo, cuja garrafa será colocada no centro da roda e então uma das dançarinas deverá pegá-la e dançar com ela solta sobre a cabeça, mostrando suas habilidades, equilíbrio e graça, principalmente ao patrocinador dessa bebida.

Troika Pantaneira
Expressão coreográfica criada em Barão de Melgaço, pelo professor João Cláudio Gonçalves. O nome Troika é de origem russa, significando uma espécie de cordão de saideira, com síntese do Cururu, Siriri, Rasqueado, Chamame, Quadrilha, Pericón e São Gonçalo.
A dança é caracterizada por passos marcantes. A indumentária é da catadeira de algodão para mulheres e de peão pantaneiro para os homens. A Troika Pantaneira não tem data certa para sua apresentação, podendo ocorrer em qualquer festa como as juninas por exemplo.

Dança dos Lenços
É dança originária da cidade Pantaneira de Barão de Melgaço criada por Dona Leodina Oliveira da Silva. Segundo ela, esta expressão saiu dos passos do Siriri, chamado Barco do Alemão. A dança é uma declaração de amor no sentido mais singelo e sublime.


  • Festas:



Cavalhada 

É uma festa que acontece posterior à Festa do Divino Espírito Santo, em homenagem a São Benedito, nos municípios de Poconé, Porto Esperidião e Cáceres. O evento consiste de uma batalha simulada em que figuram cavalos e cavaleiros, na tentativa de salvar uma rainha.
Os cavaleiros que formam o exército dos Mouros vestem cetim vermelho e os Cristãos vestem azul. Ao todo são 12 pares e têm como armas: lanças, espadas e pistolas, com as quais simulam combates, em montaria, disputando a rainha.
Ao som de uma marcha executada em instrumentos de percussão, os cavaleiros realizam diversos movimentos, torneios e jogos, em que concorrem à pontuações. Independentemente da pontuação final, o exército cristão é o vencedor, ficando então com a rainha.
Um momento de emoção é a hora em que o cavaleiro tem que tocar numa pequena argola presa por uma corda, no alto de um varal, que, em outros tempos era de ouro ou de prata. Essa tradição vem sendo mantida através dos tempos, apesar de inúmeras dificuldades encontradas.



Texto: Rosylene Pinto


Fontes de referência:
IBGE Teen
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/folclore/home.html
Terra Educação - Almanaque
http://educaterra.terra.com.br/almanaque/datas/folclore.htm
Wikipédia – Folclore
http://pt.wikipedia.org/wiki/Folclore
Mato Grosso em Foco